Expansor 12

 

 

Como funciona o Supressor dinâmico de Ruídos

 

Não posso me furtar a descrever o funcionamento desta pequena maravilha. O primeiro que tomei conhecimento na casa de um amigo da faculdade no inicio dos anos 60 era exatamente um destes modelos Dynaural da Scott. Na casa do meu amigo não havia possibilidade de desmontar o aparelho para saber o que havia dentro. Realmente saí de lá intrigado. Para toda minha surpresa e até espanto, o equipamento reproduzia apenas música de um disco velhíssimo, sujo e arranhado como se fosse absolutamente novo e limpo. Que maravilha é essa? Passei a estudar o assunto que na época era absolutamente escasso e hoje pelo que vejo é quase impossível achar uma literatura a respeito mesmo na internet. Esta extraordinária maravilha não foi suficientemente difundida nem os demais fabricantes naquela época a utilizaram, exceção da Fisher que por um período curto utilizou a tecnologia da Scott num de seus super equipamentos.  Como toda a maravilha operacional, esta se baseia em princípios simples que vão ser rebuscados no fundo do baú.

Imagine se dois amplificadores com mesmo grau de amplificação são colocados em paralelo e amplificando o mesmo sinal. Se ambos estiverem em fase, o resultado será o mesmo que se fosse utilizado um só amplificador. Se um deles tiver o sinal 180º ao reverso do outro a amplificação será absolutamente nula qualquer que seja o nível de sinal de entrada. Este é o principio do supressor dinâmico de ruídos. Um dos amplificadores, com o sinal 180º fora de fase com o principal entra em operação nos casos de anomalias no sinal anulando instantaneamente a amplificação e obviamente eliminando os ruídos.  Absolutamente simples. O difícil é operar este segundo amplificador nos momentos exatos.

Ao realizarmos um estudo sobre a natureza sonora da música veremos que as ondas que geram o som musical e agradável não possuem a mesma natureza dos sons que caracterizamos como ruído tais com os pops e bangs e rrrss provenientes de sujeira, arranhões, estática e falhas de superfície. Estes segundos possuem um componente de transiente muito forte e ao mesmo tempo possui uma característica de energia abrupta na transferência do sinal, por isso incomodam.

O supressor dinâmico de ruídos é, portanto um amplificador que injeta o mesmo sinal de características abruptas, porém em fase invertida na linha de áudio.

Para que isto aconteça este amplificador que anula o sinal permanece em estado de corte não amplificando os sinais musicais, mas passa a operar imediatamente ao sensibilizar sinais não musicais.

Como sempre se desejou a menor distorção possível, o circuito sofreu evoluções ao longo de sua vida. Inicialmente este amplificador inversor de fase operava com estágio amplificador para todas as freqüências em seguida houve uma nova etapa em que foram utilizados dois ramais amplificadores um para graves e outro para agudos, ou seja, para anomalias com corpo básico em baixas freqüências e com corpo básico em altas freqüências.  Houve outra versão mais elaborada trabalhando nas baixas, medias e altas freqüências em separado, esta técnica foi adotada pela Fisher e outra modalidade de nível profissional com configuração em push pull.

O amplificador que inverte o sinal funciona como se um curto fosse realizado nas passagens  de ruído. O ramal de baixas freqüências cuida dos pops e bangs e o de altas freqüências cuida dos chiados.

O primeiro equipamento a usar este tipo de circuito ainda em seu embrião foi o Scott Phantom DeLuxe de 1939, com menos alcance destinado exclusivamente a arranhões superficiais.

Mais explicações sobre este circuito no final da página. Tradução do manual original do Scott Phantom DeLuxe.

Finalmente com modificações a tecnologia sobreviveu reencarnada nas técnicas do Dolby digital. Este sistema analógico gerou a tecnologia moderna.

Veja mais em: http://www.novacon.com.br/audioscott%202a.htm

 

 

No circuito acima, comercializado como um adaptador externo para sistemas amplificadores existentes e divulgado pela Scott em 1941, o pentodo da 6B8 amplifica diretamente o sinal da fonte e o injeta no amplificador subseqüente. Ao mesmo tempo o mesmo pentodo 6B8 injeta o mesmo sinal atenuado que dividido e separadamente injeta os sinais de baixas freqüências na 6SK7 V3  e os de altas freqüências na 6SK7 V2. Estas válvulas são chamadas de comportas (Gates). Dá-se este nome porque as mesmas só funcionam na presença de sinais anômalos. O potenciômetro R1 de 500 Ohms ajusta V2 e V3 para que as mesmas se mantenham em corte, isto é não funcionem enquanto não houver um surto de sinal. Ao haver um surto de sinal indesejado, este gera uma alta tensão positiva nos terminais dos diodos da 6B8, baixando drasticamente a resistência interna de uma das 6SK7 ou ambas o que reduz o sinal na linha de saída (placa 6B8 –Output)   O sinal de música também passa nos mesmos circuitos de amplificação e vai para os diodos de 6B8, mas sua natureza do envelope musical não conseguem disparar as 6SK7 e todo o sinal musical passa tranqüilo até o final.  L1 e L2 são filtros da UTC destinados a reduzir as oscilações e instabilidade dos amplificadores durante a operação. (veja: http://www.novacon.com.br/audioutc1.htm  Dynamic Noise Suppression Inductor Type CG-50)  Os potenciômetros de 1M e 5M controlam o nível de componentes de altas freqüências o de 2M2 o nível de componentes de baixas frequencias e o de 1M5 o nível total de corte para manter os amplificadores no mesmo nível de sinal do amplificador 6B8, com o objetivo de evitar estouros no sinal. Estes ajustes só se realizam uma vez por ocasião da troca das 6SK7.  

 

 

Circuito e fotos Oferecimento JOHN D. GOODELL

Supressor profissional da Scott para radio difusão.

Primeiro modelo comercial construído Scott Phantom DeLuxe - 1939 scratch suppressor

 

Supressor de Arranhões em Discos

O Scott Phantom DeLuxe incorpora a ação de supressão automática de ruídos provocados por arranhões usando uma 6B8G e uma 6J7G num circuito especial que atenua as freqüências de áudio mais elevadas (que correspondem aos ruídos) nas passagens suaves da música, mas operam sem atenuação durante as passagens fortes (correspondendo a uma reprodução útil em alta-fidelidade).

A válvula 6B8G opera como um amplificador e seus diodos provêem tensão retificada para polarização (proporcional à amplitude do sinal de entrada para as freqüências acima dos 1500 Hz) da grade de controle da 6J7G.  O circuito é montado de forma que a capacitância efetiva de um capacitor de 35 pF amplificado ao máximo vai refletir um valor de 3.000 pF devido ao ganho da válvula 6J7G que está em paralelo com a entrada da grade de sinal primeira amplificadora de áudio 6K7G em toda a gama de áudio freqüências.

Quando as freqüências de áudio mais elevadas são de pouca intensidade não há polarização retificada gerada pelos diodos da 6B8G, permitindo que a 6J7G opere no Maximo de seu ganho e colocando o capacitor de entada em seu valor mais elevado e conduzindo as altas freqüências para o terra, conseqüentemente eliminando o ruído de fundo. Se agora as altas freqüências musicais são intensas, é gerada uma forte tensão de polarização que é desenvolvda pela 6B8G, isto reduz o ganho da 6J7G e conseqüentemente a capacitância de entrada permitindo a saída das altas freqüências sem atenuação.

 

Como Ajustar o Sistema Supressor Automático de Arranhões em Discos no  Scott Phantom DeLuxe

Conecte um multímetro na saída entre os terminais da bobina móvel do alto-falante (VC ao terra) Ligue um gerador de sinais e um medidor sensível na entrada de fono, colocando o seletor de funções na posição “P” (totalmente para a direita) . coloque o controle de graves no mínimo e o de agudos no máximo. Desligue o supressor e aplique 0.2V a 3.500 Hz nos terminais de fono. O supressor de ruídos é operado na mesma chave do controle de sensibilidade. Coloque o controle de volume numa posição que possa ler 1 Volt nos terminais da bobina móvel. Ligue o supressor e a leitura deverá cair (para digamos 0.9Volt). Agora desligue o supressor e  reduza a tensão de saída do gerador para 0.05 Volt e reponha o controle de volume para se obter novamente 1 Volt nos terminais da bobina móvel. Ligue o supressor, agora a leitura deverá ser de 0.3 Volt ou um pouco menos entre os terminais da bobina móvel. Isto corresponde a uma redução de 5:1 . Isto acontecerá se a tensão de polarização estiver ao redor de 6 Volt. O ajuste será conseguido através do divisor C, que será calibrado para obter os valores indicados.

 

 

Veja Scott Phantom em: http://www.novacon.com.br/audioscott%202.htm e seguintes. 

 

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