Fisher Philharmonic
1937-1942
3
O Novo Modelo
Mais raro que o modelo anterior, esta geração mais sofisticada teve um público bem mais restrito. Apesar de seguir em linhas gerais a concepção do modelo Futura que anteriormente descrevemos, o modelo Linear Standard era composto por um circuito bem mais sofisticado.
Ambos modelos são descritos no magazine Consumer Reports de Janeiro de 1940 . conforme vemos abaixo. O modelo original que anteriormente apresentamos passou-se a chamar Philharmornic Furura “Carillon”, enquanto este novo modelo, Philharmonic Linear Standard “Croydon”.
Esta nova versão Linear Standard utiliza um falante de 15” e um falante de 6” em gabinete do tipo bass reflex. O modelo Futura um falante 12” e um de 6”.
As quatorze válvulas empregadas neste modelo são:
2...6SK7…Amplificadores de radio freqüência
1...6C5....Detector de impedância infinita
1...6N7....Amplificador de AVC
1...6J5.....Amplificador do indicador de sintonia
1...6J5.....Válvula controladora de tonalidade
1...6E5....Indicador de sintonia
1...6J5.....Amplificador de áudio
2...6N7....Inversora de fase e impulsora
2...6L6G..Saída em push-pull
1...83......Retificadora principal
1...1V......Retificadora para AVC
Eis que esta versão de três chassis possui maior potência que o anterior e o circuito de radio freqüência sintonizada engloba uma série de refinamentos: tais como Amplificador de AVC, Amplificador de Olho mágico, e polarização negativa em separado para estágio de saída. O mais curioso foi o nome Linear Standard utilizado neste modelo. Este nome foi emprestado pela UTC Transformer Co. que acabava de desenvolver e publicara em 1939 um amplificador utilizando realimentação negativa que passou-se a chamar Linear Standard. (Padrão de Linearidade) (óbvio que para a época). O circuito empregava a realimentação negativa, quase desconhecida àqueles tempos, objetivando aplainar a resposta dos falantes nos pontos de ressonância, tornando a resposta Linear, daí o nome, Standard por ter-se imposto como o padrão para aqueles tempos. Este circuito foi revisado por volta de 1956, ainda com transformador de saída em configuração pentodo convencional, e produziu o grande projeto do novo Linear Standard que corrigia os erros do Williamsom de 1947. (veja http://www.novacon.com.br/audioutc4.htm). Este circuito original de 1939/1940 utilizado nos Philharmonic Linear Standard serviu de base para as pesquisas de Hafler e Keroes nos novos Ultra-lineares. Indiscutivelmente um nome estranho, uma vez que não há nada mais linear que uma reta, mas o nome foi adotado neste circuito que utilizava os tetrodos de feixe dirigido, e proporcionavam nesta nova configuração, potência constante superando portanto os “lineares” ... daí o nome adotado. – Ultra-Lineares.
O estágio de Rádiofreqüencia , ou seja o sintonizador de AM local era destinado ao melhor desempenho possível com ampla banda de resposta de freqüências, uniformidade no ganho espectral e uma excelente controle automático de volume, com amplificador de variações incluindo amplificador separado de nível para o olho mágico indicador de sintonia, destinado a captar estações a grande distância sem esvanecimento. A base do circuito era a mesma do modelo Futura e utilizava as mesmas unidades de sintonia, mas introduzia o detector de impedância infinita e seguidor de catodo para mínima distorção do sinal de áudio, Primeiro estagio amplificador com filtro rejeitor de sibilo (para estações próximas) e pela primeira vez introduzia o sistema de controles de tonalidade em separado para graves e agudos, utilizando o circuito CG-1, também da UTC (veja http://www.novacon.com.br/audioutc1.htm) de bobinas ressonantes e potenciômetros.
Por outro lado, a filosofia de adotar tecnologia comprovada com detalhes de filigrana dos grandes laboratórios que ainda não usavam resultados de suas pesquisas, evitaria principalmente a obsolescência rápida do produto, em função do risco de alguma possível falha ao adotar novos conceitos desconhecidos. Esta decisão mostrou-se correta, pois a Universalização tecnológica adotada nos produtos Fisher congregavam não apenas as conquistas obtidas nos diversos laboratórios americanos das grandes empresas, mas também ia buscar suprimento na Europa, desta forma apresentando novidades no mercado americano, tornando-se pioneiro neste mercado, introduzindo técnicas concorrentes e ampliando sua reputação de qualidade elevada. Esta filosofia foi adotada em toda a vida de Avery Fisher, sendo sua personalidade transferida ao produto final. O reduzido laboratório de Fisher possuía na verdade cérebros que observavam e filtravam publicações técnicas de todo o mundo, desde revistas populares às publicações divulgadas de novos produtos e tecnologias pelas empresas. Obviamente eles estavam em contacto permanente com o departamento de patentes para formar seu acervo literário, organizando e copiando cuidadosamente todos estes artigos. Paralelamente possuíam um cadastro de todas as empresas operantes no mundo na área de eletrônica através de uma coletânea de anúncios e artigos que os citavam, com seus respectivos testes de qualidade. Após uma triagem inicial, estes artigos eram distribuídos internamente aos engenheiros para colher sugestões de upgrade nos produtos existentes. Esta filosofia de trabalho permaneceu até o início da implantação da estereofonia, por volta de 1957. A partir desta época o acesso às informações era tão brutal em quantidade que a prática foi abandonada e substituída pela aquisição direta de tecnologia de outros fabricantes com adoção em seus produtos. A empresa já adotava esta outra modalidade de operação já nos primeiros tempos de sua operação. Isto poderá ser comprovado na introdução de seu primeiro rádio console com FM de 1942 que veremos nos próximos segmentos.
A filosofia inicial de Fisher tinha suas vantagens pois os produtos da marca utilizavam os melhores componentes possíveis que eram então empregados. A simplicidade dos circuitos de eficiência comprovada os tornavam competitivos no mercado, pois não necessitavam amortizar custos de pesquisa em novas tecnologias. As empresas que o faziam, eram obrigadas a utilizar componentes de qualidade mais baixa que funcionavam por menor tempo e por serem complexos exigiam maior custo de manutenção e reparo. A empresa de Fisher usou a fórmula certa, e rapidamente passou a ser uma marca desejada.
Neste mundo atual em que se
investe no obsoleto para que seja imediatamente substituído, o nome Fisher é
apenas um nome igual a tantos outros que circulam no mercado, A adoção de sua
continuidade se prende a um passado heróico. Hoje é apenas uma razão para cobrar
mais caro um produto que possuiu tecnologia diluída numa série de produtos
populares.
O modelo Philharmonic Linear Standard foi o último da empresa a utilizar o sistema de radio freqüência sintonizada. Ao modelos subseqüentes passaram a ter configuração super-heterodina utilizando as novíssimas válvulas da Sylvania e Raytheon totalmente em vidro –Serie Loktal.
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Alguns gabinetes dos radio consoles Philharmonic em 1930
Provavelmente devido a sua inusitada filosofia de produção e engenharia do produto a Philharmonic não publicava seus diagramas técnicos e os diagramas aqui publicados são resultado de pesquisas e comentários de vários “experts” que detectaram a origem “secreta” dos projetos Fisher. O sintonizador de RFS que aqui apresentamos foi o resultado do desenvolvimento do modelo anterior e foi utilizado pela Miller em seus kits que apresentaremos no próximo segmento. O sintonizador possuía um filtro de sibilo para evitar interferência no áudio e um sistema de controle de tonalidade desenvolvido peal UTC com indutores na seção de áudio. Este sistema apesar de muito simples possui características extraordinárias, isto é não comum à maioria dos sistemas conhecidos, pois como opera com ressonância nas faixas extremas de áudio, o mesmo garante ganho efetivo de 15 dB em cada extremo da faixa alem disto os controles de graves e agudos operam independentemente, não havendo qualquer intromissão na banda de cada uma delas, agindo como se fossem amplificadores independentes tem a seu contratempo o fato de serem de preço elevado em comparação com os demais concorrentes.
Circuito provável do sintonizador
Controle de tonalidade UTC CGE-1
Amplificador de áudio utilizado no Philharmonic Linear Standard. Realimentação negativa no primeiro estágio triodo de amplificação.
Filosofia aplicada no Linear Standard de 1956 e no Ultra linear de Hafler e Keroes.
Fonte de alimentação para amplificador e rádio pela 83 e fonte para o amplificador de AVC através da 1V
Circuito do amplificador Ultra-Linear de Hafler e Keroes de 1952 para comparação ao utilizado no Linear Standard do modelo Pilharmonic
Circuito do amplificador utilizado no Linear Standard UTC de 1956