Um pouco de conhecimento técnico

 

Eis o sistema de obturador da FED que também é o da Zorki, da FAG, da Pionir, todos da Leica e muitos outros modelos de câmaras que foram desta última derivados. Nesta obra nos limitamos  a apresentar os primeiros modelos destas muitas câmaras que derivaram da Leica. O modêlo  Sport  que porventura poderia estar fora deste propósito, Une-se a ele  através de sua óptica, a Industar 10 , não fosse por si só, pelo valor de uma concepção original e pioneira. 

Esquema mecânico:

 

      Nomenclatura e explicação do funcionamento:

 

     1) Rolete inferior tracionador do tirante da cortina de abertura.

     2) Tambor retentor da cortina de fechamento.

     3) Rolete superior tracionador do tirante da cortina de abertura.

     4) Chassis da câmara.

     5) Ponteira da chave móvel determinadora dos tempos de exposição.

     6) Chave móvel determinadora dos tempos de exposição.

     7) Eixo principal. Este eixo é:

            permanentemente engastado às peças 22, 1, 3, e 8.

            permite a livre rotação do conjunto solidário 2 e 9.

            arrasta a chave 6 previamente posicionada na velocidade desejada.

     8) Tambor perfurado para escolha da posição de angulação da peça 6.

     9) Engate do tambor 2.

   10) Trava do conjunto 2 e 9.

            durante o disparo, realizado pelo desengate da engrenagem 23. na trajetória angular  da peça 6, a peça 5,      

            solidária a peça 6, pela rotação do conjunto7, toca em 10 que destrava o conjunto 2 e 9, causando o

            fechamento da cortina 25 .

11)   Tirante superior da cortina de abertura.

12)   Barra de esticamento da cortina de fechamento.

13)   Barra de esticamento da cortina de abertura.

14)   Tirante superior da cortina de fechamento

15)   Rolamento livre superior

16)   Tambor com mola interna responsável pela tração e desenrolamento da cortina de fechamento

17)   Eixo do tambor 16.

18)   Rolamento livre inferior.

19)   Tirante inferior da cortina de fechamento.

20)   Tirante inferior da cortina de abertura.

21)   Engrenagem de tração do eixo 7

22)   Engrenagem intermediária.

23)   Engrenagem de avanço do filme e de debreagem do conjunto mecânico (disparo).

24)   Rolameto de esferas para livre movimento do eixo principal  7 e do tambor da cortina de fechamento 2.

25)   Cortina de fechamento.

26)   Cortina de abertura Estas cortinas são fabricadas de nylon com impregnação de borracha (vulcanização)

    Tecnologia semelhante ao fabrico de pneus.

27)   Tambor com mola interna responsável pela tração e enrolamento da cortina de abertura.

 

A)      Sentido de armamento das cortinas

B)      Sentido de movimento das cortinas quando se efetua o disparo

C)      Sentido de desengrenamento das cortinas para o disparo.

 

Um pouco de óptica : 

Todas estas câmaras têm em comum alem do obturador, telêmetros que funcionam de modo muito similar.

Existe um telêmetro medidor que funciona acopulado a todas as objetivas e um visor separado para enquadramento.

 

 

 A ocular  11) é a  ocular do telêmetro. Por ela vemos a imagem por via direta através  da janela  2).

Como no caminho óptico temos o semi-espelho 1),  que por sua vez capta a imagem emergente da janela 4) e refletida pelo prisma 7). O prisma 5) tem por fim ajustar a imagem de horizonte.

Quando os raios 11)-2)  e 8)-4) convergirem com o objeto principal, através do acionamento da objetiva que toca em 6) , pivotando em 8) solidariamente  o conjunto 6)-9)-7), a imagem estará em foco.

O conjunto 10)-6) forma um visor de redução conhecido por visor de Newton.

  

Um pouco da objetiva : 

Este é o diagrama esquemático da Industar-10

 

A objetiva Industar 10 foi a primeira objetiva projetada na Rússia após o inicio do “Primeiro Plano Qüinqüenal.”

 Haviam outras projetadas e fabricadas mesmo antes do “Plano” e mesmo no período Soviético.

Acredita-se que este nome para a óptica foi dado, Pelas palavras “Industriatzatsia” e sufixo “ar” tradicionalmente utilizado em praticamente todas as ópticas comerciais. Todavia, alguns também a clamam como homenagem a Stalin pelas letras st contidas em seu nome.

 Na verdade esta objetiva não é copia de nenhuma existente à época, apesar de seu formato mecânico externo se assemelhar  sobremaneira com as objetivas Elmar, de Leitz, seu cálculo foi realizado em conjunto com engenheiros e calculistas da Zeiss,  que à época montavam a fábrica “Progress” em S. Petersburgo, com base na famosa Tessar,  que ainda não  possuía em sua linha  lentes de 50 mm para fotografia. apenas para cinema. (Vide comentário de Mahon Kelly- -Why are Russian optics so good?)  Em testes realizados pelo laboratório GOI de S Petersburgo esta provou-se melhor que a Elmar tanto em distribuição luminosa, como em ângulo de cobertura, maior contraste e transparência, como resolução nos cantos. Um fato pouco divulgado é que na época, foram na Rússia desenvolvidas as melhores objetivas apocromáticas que até hoje se tem notícia. E a própria Zeiss se beneficiou com isto, pois o custo de pesquisa ou de produção inicial, absolutamente não importavam para o governo Russo, o que não era usual no ocidente.

Esta cooperação inclusive elevou os padrões da própria Zeiss e foi um acordo benéfico para ambos os lados.

Antes da 2ª Grande Guerra a própria Zeiss utilizava os estabelecimentos da GOI  (atual LOMO) para produção de peças de alta sofisticação que empregassem alta incidência de mão de obra.

 Naquele tempo de elevada industrialização, a Rússia  como União Soviética teve grande auxílio do ocidente.

Apesar de haver uma errônea crença de que tudo lá era copiado, Muitas empresas cederam tecnologia a nível governamental através de trocas em ouro, diamantes, minerais estratégicos, trigo e  muitos outros artigos. Assim a Ford, a Mack, a International, a RCA, a GE, a Tung-Sol, a Michelin, a Siemens a AEG, a Agfa, a Omega, a AVO, a Weston  a Odhner-Facit e  outras grandes empresas colaboraram para o progresso da Rússia em plena ditadura Estalinista.

 Este quadro,  já no Primeiro Plano Qüinqüenal de Desenvolvimento, encorajava o anuncio que para o Segundo Plano Qüinqüenal, teria a Rússia a melhor produção mundial em produtos de consumo, com a mais elevada qualidade entre todos os paises, e isto tudo a preços baixíssimos, ao alcance de todos os cidadãos assalariados.

A Segunda Grande Guerra inibiu bastante esta pretensão, mas mostraram eles, com a Vitória  de 1945, sua enorme capacidade produtiva lá instalada. Mais tarde a corrida armamentista provocada pela “Guerra Fria” impulsionou também toda esta industria de precisão, mas para o lado armamentista.  Em termos de Naves de Lançamento Espacial, Plataformas Espaciais, Metalurgia fina, Estruturas Aeronáuticas, e outro sem número de tecnologias e processos produtivos em uso em milhares de equipamentos hoje tão corriqueiros, continua a Rússia, ainda na vanguarda mundial.

 

O desenvolvimento paralelo da FED

Conforme  já descrevemos, o projeto de implantação da FED data de 1932 com origens em 1927. Nesta época foi fundado o GOI (Instituto Estatal de Óptica) com o intuito de desenvolver ópticas para todos os usos. Como não podia deixar de ser, as primeiras FED foram equipadas com objetivas produzidas em S. Petersburgo, mas logo em seguida desenvolveu-se uma planta especial para produção desta objetivas junto a fabrica em Kharkov.  A primeira produção havia sido instalada em Leningrado e as facilidades já existiam., Tentou-se então produzir novos modelos em Leningrado e em Moscou estas pelas fabricas de GOI e Geodesiya respectivamente.

Aqui apresentamos modelos variados sobre o mesmo tema. Todavia coube a Geodesiya em 1937 o inicio da formula  que mais tarde daria  inicio à famosa série ZENIT. 

A fábrica  da GOI era na época a mais bem equipada em toda a Russia e foi responsavel pelo cálculo e execução das objetivas Industar 10 que logo equipariam as FEDs.

 Exatamente em 1927 a GOI  iniciou em paralelo o desenvolvimento de duas camaras destinadas ao mercado de correspondentes jornalisticos que podeiam ser tambem aplicadas em uso cientifico e sem muitas modificações abranger o mercado dos amadores, já que a fotografia foi considerada  “Instrumento de Segurança Nacional” , sendo imediatamente organizado um plano de “Eliminação da Ignorância Fotografica” ao alcance de todo o cidadão Soviético.  Este programa ministrava aulas básicas de fotografia em todas as Universidades, Escolas secundárias, Unidades de Treinamento Profissional e nas Fábricas em geral. Este conceito e ação gerou um enorme mercado interno, responsável pelas grandes fábricas e gigantescas produções em números quantitativos. 

A atualmente conhecida fábrica LOMO passou naquela epoca a ter administração da GOI e chamava-se  VOOMP que se  traduzia como “Unidade Comercial Óptico Mecânica Experimental de Toda União “ 

As duas camaras Experimentais foram respectivamente a Pionir e a Sport

A Pionir  era evidentemente mais uma descendente direta da Leica, pela forte ifluencia de Rodchenko mas a Sport, é um caso à parte . Totalmente desenvolvida  por H. Gelveta, esta veio a ser a primeira camara SLR de 35mm do mundo.  Concebida em 1927 e desenvolvida em 1932, distribuida às influentes patentes intenas em 1934, veio a ser  apenas comercializada em 1935 ainda um mês antes da famosa Kine Exakta.

 

Pionir ou VOOMP

Aqui mostramos alguns exemplos desta camara experimental, produzida em pequenas series de 40 e 60 camaras em cada lote, eram estas apenas direcionadas ao mercado dos profissionais. Curiosamente estas camaras apesar de terem ópticas cambiáveis não utilizavam o passo Leica M39x1 (como as FEDs) mas um passo próprio M40x1.

 Pionir -   Exemplar  Demonstrado no livro de Asquini / Pegorari.

 

Lê-se   OPÌT ZAVOD  <VOOMP> LENINGRAD N° 686  1935 g.

 

 

Mesmo tipo de câmara n° 484 de 1935

 

 

Objetiva  VOOMP Opítníy Z-D  1:3,5  F 5 cm (Industar 10)

 

 

Três variantes de gravações ao longo das unidades produzidas.

1)  OPÌT ZAVOD  <VOOMP> LENINGRAD N° 140  1934 g. Mod A

 

 

2)  GOS. OPTISh. IN-T  <VOOMP> LENINGRAD  N° 741 1936 g. Mod B

 

 

3)  NKTP//VOOMP    GOI   LENINGRAD N° 1093   1937 g. Mod C

 

 

Todas a Pionir aqui mostradas são do  tipo II , isto é, possuem telemetro. As primeiras tentativas construtivas, iniciaram-se com o modêlo sem telemetro,  (Mod I) cópia portanto  da Leica I

Ao iniciarem-se os primeiros protótipos, a Leica, em 1932 lançou a Leica II (com telêmetro). Foi suficiente para mudança de planos e lançar um produto ao par do modêlo estrangeiro. Por esta razao os primeiros modêlos já são mod II.

 Aqui vemos o conjunto das variantes produzidas.

VOOMP  II  Mod A N° 140

 

VOOMP  II  Mod A 2ª visão

 

VOOMP II mod B black top N° 241

 

VOOMP II mod B black top 2ª visão

 

VOOMP II mod C black top N° 1093

 

VOOMP II mod B black top 2ª visão

 

Aqui encontramos uma variante do primeiro tipo com as tampas cromadas

Note-se que em todas as demais as tampas superiores e inferiores eram pintadas em negro.

Esta é a VOOMP II mod B  N° 741

 

VOOMP II mod B  N° 741 2ª visão

 

VOOMP II mod B  N° 485 1ª visão  (black top)

 

VOOMP II mod B  N° 485 2ª visão

Voomp/ Leica em perfeito estado de conservação.
Abaixo, detalhe da inscrição na tampa.

 

       

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