A Comuna
Dzerzhinsky:
Nascimento da Indústria Soviética de Câmaras de 35mm
A ETAPA DO PÓS GUERRA A SEGUNDA FASE DA FED Panorama Mundial Maio de 1945. Termina a Segunda Guerra Mundial. A euforia invade as mentes e os corações; não há mais inimigos, todos são irmãos, não é preciso mais fugir, nem se proteger, estancaram-se as perdas. Em nossa volta, prédios, casas, sistemas de abastecimento, transportes, tudo destruído... É preciso recompor. A Alemanha, O Japão e a Itália se rendem incondicionalmente. Tropas militares ocupam praticamente todos os paises. A Alemanha Ocupada, é dividida entre os vencedores.: Estados Unidos, Inglaterra, França e Rússia. O Japão é totalmente ocupado pelos Estados Unidos. No Japão a guerra foi drasticamente decidida após as bombas de Hiroshima e Nagasaki onde a imensa superioridade bélica demonstrada pelos Aliados, não mais comportava a continuação de uma luta então perdida. Na Europa a guerra foi decidida de um lado, (o Ocidental) no famoso dia “D” .as tropas Americanas invadiam a Normandia no norte da França e também obrigaram o recuo das tropas Alemãs. Por outro lado, (o Oriental) após as perdas alemãs nas cidades de Leningrado, Moscou e Kiev, os Russos iniciaram o avanço sem tréguas sitiando a Alemanha. Para que eles chegassem ate lá, tiveram os Russos que retomar pontos estratégicos já conquistados pelos Alemães. Em seu trajeto, o Exército Russo libertou a Polônia, a Bielorussia, a Tchecoslováquia, a Estônia, a Letônia e a Lituânia, por uma linha, e a Bulgária, România, Albânia, Hungria e Yugoslávia em outro avanço. Era preciso recompor a Europa. Iniciou-se o Plano Marshall. Os paises destruídos precisavam de ajuda. Não há dinheiro suficientemente disponível. Neste período, cai a Libra Esterlina como moeda de troca internacional e entra o Dólar. Os paises passam a receber ajuda do plano Marshall. Durante o período da guerra, Rússia e Japão não tiveram escaramuças notáveis. Apenas a Rússia através das tropas permanentes em Kamchatka e Vladivostok ocupou as ilhas Kurilas que outrora pertenceram ao Império Russo, pois as mesmas eram elo natural de ligação entre o Japão e o continente asiático através da Sibéria. Estas ilhas eram extremamente estratégicas para os dois lados por permitir graças a sua localização, observações avançadas de movimentos no Japão, na Coréia, e Atena parte norte da China.. O Plano Marshall inicia-se na Europa. O Japão Ocupado, começa a ser administrado pelas Forças Armadas Norte Americanas. Os Estados Unidos descobrem o enorme potencial industrial do Japão. Descobrem o famoso milagre Japonês, Uma industrialização de nível equivalente a Norte Americana, por salários irrisórios custos baixíssimos de materiais. O Governo dos Estados Unidos inicia incentivos para industrias Americanas produzirem no Japão. Grandes empresas Americanas iniciam compras no Japão como elemento de manutenção e desenvolvimento do país. Baixam-se taxas de importação do que já é bem barato, Lucros dos empresários americanos sobem extraordinariamente. O Plano Marshall também favorece, mas não tanto, produtos Europeus. A Alemanha dividida em quatro segmentos passa a receber ajuda apenas nas áreas Inglesa, Francesa e Americana. A área Russa, bem como os paises liberados pelo exercito Russo ficam fora do Plano, alem de terem taxações mais altas nas importações Americanas, Neste clima, a Alemanha do Leste declara-se um pais independente da outra Alemanha, criando a então GDR. Para os paises liberados pela Rússia não foi nada difícil para que nas próximas eleições vencessem os Partidos Comunistas, que ainda mais os afastaram do plano Marshall. Neste momento, para fortalecimento das relações iniciadas, a Rússia cria então o “Comecon” também conhecido como Mercado do Leste. -A primeira tentativa de ‘Globalização’. Diante deste quadro, inicia-se a “Guerra Fria” mais tarde agravada pelas Guerras de Independência na China e na Coréia.
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Panorama na Rússia Todas as cidades industriais da Rússia Européia estavam destruídas. Vinte milhões de cidadãos Russos mortos. Não fosse o Plano de Evacuação Industrial para Sibéria, antevisto e executado por Estaline, antes das invasões. estaria a Rússia aniquilada. Neste ponto a Ferrovia Trans-Siberiana, já em operação desde 1906 participou de forma magistral. Industrias de Moscou foram transferidas para Ekaterineburg (Sverdlovsk) As fabricas de Leningrado para Novosibirsk e as industria de Kharkov para Berdsk. As industria tinham que trabalhar imediatamente. O complexo trabalharia a céu aberto, em situações desfavoráveis, mesmo assim precisava-se produzir para a guerra. Após a Guerra, através de uma coordenação competente, envolvendo praticamente só paises destruídos, conseguiu-se de 1945 a 1949 restabelecer as bases de um futuro melhor. A fabrica da FED é novamente recomposta em Kharkov, agora diretamente ligada a Força Aérea Russa porem sem mais produzirem acessórios. Inicia-se novamente a produção das câmaras FED. A demanda é tão alta que a nova fabrica não consegue suprir. É necessário sua produção em novas unidades. Escolhem-se as fabricas de Krasnogorsk (Vavilova) e a de Kiev (Arsenal) para a produção de novas unidades.
Esta foi a FED fabricada em 1942 , última série de Kharkov. Em Berdsk, foram também produzidas para suprir as necessidades militares. Levava os mesmos dizeres pois em Berdsk se fizeram apenas montagens dos componentes de Kharkov. Por outro lado, a mais famosa empresa de óptica e câmaras estava do lado soviético da Alemanha e a transferência de tecnologia, ‘know-how”, ferramentas, pessoal e treinamento especializado não eram agora mais problemas. Durante a Guerra, a Zeiss produziu também ópticas para Leica muito superiores às originais, vai daí que o projeto para as FEDs já estavam prontos. E em 1947 a KMZ de Moscou inicia a produção das BK (Biotar-Krasnogorsk) , ZK (Sonnar-Krasnogorsk) e mais tarde as BtK (Biotar Krasnogorsk) mais tarde transformadas em Júpiter e Hélios. A Zeiss reinicia na Alemanha a produção das câmaras Contax II e depois Contax III em Jena, como usina piloto. E também as Contax S em Dresden que eram de um projeto de pré-guerra. Em 1947 inicia ainda em Jena a produção das Contax também com nome Kiev treinando funcionários Russos no local da fabrica, para posteriormente transferir a unidade para a fábrica Arsenal Kiev na Ucrânia. No inicio e durante muito tempo, ate a década de 1970, a Zeiss produziu muitos acessórios para as Kievs, mesmo quando haviam cessado as produções de Contax tanto na Alemanha Ocidental, como na GDR. Portanto, as Kievs não são copias de Contax mas a continuação de sua produção agora na Ucrânia. Este capitulo Zeiss e Contax influenciam numa grande mudança da tecnologia fabril de câmaras Russas, a partir de então. No capitulo Kiev vamos detalhar os fatos. Na Rússia, a Contax-S vem logo a seguir a ser hibridizada em uma FED/Zorki e nasce a Zenit. Que segundo Rick Oleson é a verdadeira Leicaflex, por ter muito mais de Leica que os próprios modelos alemães, Também em estreita colaboração, os engenheiros da Zeiss com o GOI desenvolvem as câmaras GOI, futuras Leningrad e ReflexGOI.
Aqui a família das GOI/Leningrado
Descrição com detalhes no capítulo da GOI A Krasnogorsk Mehanicheskii Zavod. Não é possível apresentar a historia do desenvolvimento da indústria de foto aparelhos na antiga União Soviética sem mencionar a Fábrica de Krasnogorsk. Seu próprio Museu fascina e emociona o visitante que Logo se interessa em conhecer os mais diversos detalhes de sua era. Equipamentos fotográficos, aparelhos de cinema e fotografia, não eram a base de sua produção por isso viremos depois a descreve-los * * * A data oficial de inauguração, foi de 1° de fevereiro de 1942, em um prédio que fora outrora uma fabrica de vernizes mas sua historia é muito mais antiga. Entre 1942 e 1946 praticamente toda a produção da fabrica ocorreu em Sverdlovsk (Ekaterineburg-Siberia) No inicio de 1918, a produção de óptica em S. Petersburgo, uniu as produções de Zeiss e Goertz vindas da antiga fabrica de Riga. Esta transferência, foi ordenada pelo perigo da invasão pelos alemães ainda no final da Primeira Guerra Mundial. Moscou e Petrogrado (S. Petersburgo) estavam também na mira dos alemães. Portanto a maquinaria destas fábricas, foi enviada a Voronej com cerca de 300 pessoas..Mesmo assim, no verão deste mesmo ano, sob o comando do general Krasnov, a fábrica é trasladada a Perm, com cerca de 70 pessoas indispensáveis para a organização da produção óptica. Em Perm ela iniciou suas atividades numa destilaria que havia sido desativada. Trabalharam dois meses mas devido a ameaça Kolchaka, a fábrica foi evacuada a Podolsk, onde a produção foi instalada no anexo da fábrica mecânica, da antiga Companhia " Singer ". Notemos que a produção da fábrica naqueles anos eram de miras de artilharia e binóculos. Em Podolsk a fábrica permaneceu até 1927. Durante 20 anos foram produzidos óculos e armações. A partir de 1925 passaram a utilizar vidros de sua própria fabricação. A necessidade sempre crescente de óculos e armações, obrigou a produção a ser deslocada para novo lugar. Foi escolhido o povoado de Banki no estreito de Pavshinskoj , distrito de Moscou. Aqui a 20 km de Moscou estavam sem uso prédios de antigas fábricas. Na primavera de 1927 chegaram as ultimas máquinas de Podolsk, com cerca de 200 pessoas, os melhores quadros de ópticos foram para Banki ( futuro. Krasnogorsk). Estes anos difíceis estiveram sob o signo da reconstrução e da construção, Finalmente em 1930, foi criada a VOOMP, que passou a regular todas as produções ópticas do país. Decidiu-se então dirigir à Alemanha para assistência técnica – O fato é que na Rússia ainda não havia experiências de projeto e construção de fábricas semelhantes. Todavia as negociações acabaram sem resultado, porque os industriais alemães queriam 3 milhões de rublos ouro com garantias que a fábrica nova não venderia os aparelhos no mercado externo durante 10 anos após o término das atividades de transferência tecnológica. Como resultado, tudo foi por água abaixo. Exceto pela construção da oficina de fundição, pelos mecânicos de reparação-instrumental, as forjas e a oficina de montagem principal. Em 1931 iniciaram-se os trabalhos na fábrica FZU (Usina Fábrica para o Ensino), que iniciou "a forja dos quadros de instrumentos" para a empresa. Em 1932 produziam-se já 11 tipos de aparelhos. Aqui curiosa declaração do físico soviético, o acadêmico D. S.Rozhdenstvensko, um dos organizadores da industria óptica na URSS, datando de 1922.: " A guerra futura... Somente ela será, muito cruel, será uma guerra sem campo. A vitória não será determinada pelo número de soldados, mas pela técnica.... Pelo menos com habilidade de fazer objetivas fotográficas, poderemos equipar aeroplanos, miras de tiro, ou miras para projeteis de todos os tipos. Porém as guerras.... Não haveria, nem haverá, nem aparecerá, necessidade mais premente para o progresso que saber produzir o vidro óptico, sem o qual não existe o conhecimento da natureza nem o poder sobre ela” N.T. O fabrico de lentes especiais, bem como o controle de fontes luminosas conduziu a produção dos modernos chips que movem todo o atual sistema tecnológico mundial. Graças a contribuição da GOI, a qualidade e a complexidade na produção de vidros foi satisfeita. A qualidade era tão boa que os trabalhadores das fábricas ficavam entusiasmados e dali saiam “alunos exemplares’ e “previsores de resultados” , “músicos de percussão” (o som do vidro antecipa seus resultados ópticos). Tudo a sentimento. Hoje é extremamente difícil imaginar o ofício naqueles tempos. E isto determinava o grau de competência dos trabalhadores em todos os paises, em cada fabrica. Em 1937 novamente crescia a produção para 5,4 X em volume se comparada a 1932. Nesta época eram produzidos instrumentos militares, para optometria, microscópios, objetivas e binóculos. Em fevereiro de 1942 a empresa recebeu seu novo nome – “Fábrica Estatal Aliada N°393 do Comissariado do Povo do Exercito da URSS”, - transformado posteriormente em Fábrica Mecânica. de Krasnogorsk.
Modelos de Fotosnaiper* a esquerda da Leningrado (GOI) e a esquerda de Moscou (KMZ) Diferenciadas apenas pelos emblemas.
GOI a esquerda e KMZ a direita. Gravações e fotos de detalhes.
FS2 -1944
FS2 –1945
Outras vistas do modelo FS2 de 1945 (*Fotosnaiper- forma de escrever Photosniper em Russo.) Em 1942, começava o “Cerco de Leningrado”. Decidiu-se levar de Leningrado a Krasnogorsk a parte produtiva e instrumentação da Fábrica Estatal Óptico-Mecânica. Onde foram produzidos 9 tipos de aparelhos: o binóculo goniométrico, o visor panorâmico de tanques, periscópio de artilharia com bússola e mira mecânica para morteiro, binóculos, miras telescópicas e telêmetros de tiro. Produziu também uma variante do modelo 2 do “Fotosnaiper” que vimos no capitulo da FED e veremos no capitulo da KMZ, Uma semana depois da sua inauguração, estava a Alemanha às portas de Moscou, e sua produção foi toda encaminhada para Sverdlovsk Iniciou-se lá a produção da primeira câmara fotográfica aérea – AShAFA-2. Em 1943 chegou à fábrica de KMZ um grupo de engenheiros e técnicos que havia sido evacuado da fábrica de Kharkov, a FED, já invadida e destruída pelos alemães. Em 1944 foram organizados vários projetos especiais – aparelhos de aerofotografia e artilharia em conjunto com itens experimentais e amostras que seria o futuro TSKB da fábrica.
Câmara de fenda para aerofotogrametria. tipo
"АЩАФА-2"
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